Uma dúvida muito frequente das mães que chegam até nossas unidades é sobre as órteses que devem ser usadas. Sempre destacamos que a órtese influencia diretamente não apenas na saúde, mas também na qualidade de vida das crianças especiais. Para nós, a qualidade de vida dos pacientes é fundamental.
Portanto, nossa equipe entende que é importante que os pacientes com desordens musculoesqueléticas utilizem órteses articuladas em membros inferiores, mesmo que não tenham a capacidade de se locomoverem de maneira independente.
Para que serve a órtese?
De modo geral, a órtese é usada para posicionamento e para evitar contraturas ou deformidades. Quando articulada, ela serve para criar uma memória, assim como as órteses corporais do Protocolo PediaSuit e Método TREINI, que fazem parte da Terapia Intensiva realizada em nossas unidades. Somos referência deste tratamento no Brasil e temos o objetivo de melhorar a qualidade de vida das crianças com paralisia cerebral, autismo e outras síndromes.
Por que a órtese articulada é melhor?
Mesmo para as crianças que não possuem previsão de evolução para conseguirem andar, a órtese AFO (tornozelo e pé) ajuda na propriocepção (cinestesia), que é a capacidade de reconhecer a localização de seu corpo no espaço, sua posição e orientação. Essa orientação se dá quando o paciente sente a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte de seu corpo em relação às demais, sem utilizar a visão.
Sustentamos a ideia de que até o alongamento já deve ser feito com órtese, que é um instrumento de alinhamento biomecânico, por isso colocamos a órtese no paciente e alongamos com ela. Mesmo os pacientes pequenos, se espásticos, não conseguimos alongá-lo adequadamente porque a espasticidade dele ganha da força do fisioterapeuta. Dessa forma, precisamos da órtese para alinhamento porque ela é mais forte e vai segurar.
Em quais casos a órtese articulada não é indicada?
Apenas quando o paciente já possui articulações deformadas, sem mobilidade adequada, rígidas e que não articulam alinhadamente. Nesses casos são colocadas as órteses rígidas para manter a articulação com a limitação da deformidade, evitando a piora. Mesmo assim é indispensável o uso da órtese, mesmo fixa, porque deformidade gera dor e a dor aumenta o tônus muscular. Um paciente que é hipertônico fica mais ainda por conta da dor.
Menos contraturas, mais saúde e mais qualidade de vida
É um pensamento muito ultrapassado indicar órteses fixas para quem não vai andar e articulada para quem vai andar. Precisamos simular a marcha, colocar o paciente de pé e mover o tornozelo que é uma das articulações que mais deformam em pacientes com desordens neuromusculares. A movimentação ajuda na boa nutrição e evita que o paciente tenha dor, deformidades ou contraturas.
Além disso, somos seres bípedes e estar sobre dois pés é importante para a nossa regulação corporal, pressão arterial, funções cardíaca, respiratória e cognitiva. A panturrilha é o nosso segundo coração e bombeia o sangue de volta para o coração quando andamos. Sabemos que boa circulação significa boa imunidade, então até para a questão imunológica temos que colocar esse paciente para andar ou simular marcha. A marcha tem fases e com a órtese fixa não temos essa dinâmica biomecânica.
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